Texto escrito por ocasião do meu primeiro ano de católico, em 22 de setembro de 2019
Santa Teresa ensina que, à medida que nos aproximamos de Deus, crescemos em autoconhecimento. É um pouco disso que tenho experimentado nesse primeiro ano de católico. Sinto como se Deus estivesse me contando minha própria história.
Parte da minha história Ele me contou fazendo-me ver alguns personagens do próprio Evangelho e é isso que vou partilhar aqui neste texto.
<<Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, >>
Zaqueu procurava ver Jesus. Zaqueu é como a alma que resolveu ser toda do Amado e partiu a sua procura.
Em certo momento da vida, assim como Zaqueu, minha alma partiu em busca do meu Senhor. Senti uma sede por Deus, um desejo de alcançá-lo.
<<mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.>>
O apóstolo deixa claro que buscar a Deus é dever de todo ser humano: “se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós” (At 17,27).
Tenho de procurá-lo como que às apalpadelas, ou seja, tateando no escuro, porque sou de “baixa estatura” como Zaqueu. Com a Queda, minha alma foi obscurecida e perdeu parte da capacidade natural de conhecê-lo.
Eu ansiava encontrar a Cristo. Especialmente no culto em que se celebrava a Santa Ceia, minha oração era:
“Ah! Se eu pudesse estar lá aos pés da Cruz!
Ah! Se eu pudesse lhe dizer algumas palavras pessoalmente!
Eu teria tanto para lhe dizer, eu lhe pediria tantas desculpas pelos meus pecados.
Quantas juras de amor eu não lhe faria!”.
Pensando nisso eu me entristecia, pois jurava que seria impossível nessa vida estar diante dEle dessa maneira.
<<Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.>>
Da mesma forma, imperfeito do jeito que eu sou, ouvi dizer que Jesus poderia estar presente realmente no sacramento do altar. Eu, como Zaqueu, que subiu na árvore para procurar Jesus, decidi verificar se Jesus poderia mesmo estar presente na Eucaristia.
A dúvida, com o tempo, cedeu lugar à vontade. Eu comecei querendo verificar se a doutrina católica poderia ser verdadeira, terminei com o coração ardendo, desejando que de fato nós pudéssemos encontrá-lo numa realidade tão concreta como a matéria.
Jesus está presente na Eucaristia? Eu ainda não sabia se estava, mas desejava profundamente que sim.
Foi quando eu descobri a Igreja. Encontrei meu lar. Minha mãe, a Igreja, já estava me esperando (assim como espera todos os seus filhos que estão separados).
Decidi ser filho da Igreja e abraçar a fé que Ela ensina. Sou filho da igreja porque fui convencido de que Ela sabe mais do que eu.
Sobre Cristo e a Igreja penso que são um só. Aprender da Igreja é aprender de Cristo.
<<Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.>>
Aqui se testemunha o amor!
Eu e Zaqueu recebemos alegrias parecidas.
Jesus, no dia 22 de setembro de 2018, fez-me o mesmo convite “Matheus, desce depressa, vem até o altar, porque é preciso que eu fique em tua casa.”
Ele foi capaz de vir sob as aparências de pão e vinho. Ele, o Rei da Glória, cujo Nome está acima de todo nome, veio até mim sob aspecto de pão e se ofereceu como comida, só para estarmos unidos. Que os sábios da terra tentem em vão calcular a grandeza desse amor.
Se eu buscava Jesus, muito mais Ele me buscava. E agora posso dizer que meu Amado é meu e eu sou dEle, todo dEle, pois nossa união é visível no sacramento de amor da Eucaristia.
Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador… Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
Ele vai hospedar-se em casa de pecador? Só há uma explicação: Ele me ama e nada vai impedir que Ele venha até mim, nem mesmo o meu pecado. Ele virá e me purificará. Eu serei, enfim, como Ele quer que eu seja.
Oh, Jesus, como não amar-te perdidamente?!