Cresci em uma casa onde minha mãe pertenceu à igreja católica quando jovem, assim como em diversos lares, desde cedo me lembro indo pra escola dominical, aos domingos de manhã para aprender questões a respeito da bíblia. Me lembro de ter frequentado aulas de catecismo por volta dos meus 12 anos para então participar da minha “Primeira Eucaristia” na então igreja anglicana. Por ter estudado em colégio protestante acreditava ser normal que as pessoas acreditassem na bíblia e fossem ao culto. Não tive uma figura paterna na minha vida então tentava espelhar o que julgava ser as virtudes da minha mãe. Ali fiquei até meus 15-16 anos. Naquela época a igreja anglicana estava em rápido processo de progressismo, daí surgiram escândalos entre os seus membros.


Minha mãe era além de professora universitária, estudante do seminário de lá, onde eventualmente veio a tirar seu bacharelado em teologia (em meados de 2003), mas para isso teve de “seguir o bispo” uma vez que sua graduação dependia da caneta do bispo, e ele encontrava-se em péssima situação junto à comunidade anglicana (ele tinha sido expulso por ser contra certos elementos da agenda progressista) mas ainda possuía a ordenação própria da inglaterra então não deixava de ser bispo, a saia justa o levou a fundar uma nova diocese.

A instabilidade a que eu e meus irmãos estávamos submetidos, com eu então por volta dos meus 15 anos, nos levou a procurar uma outra seita protestante para “chamar de nossa”, por questão de conveniência (estudávamos em um colégio protestante calvinista) e logicamente fomos para a Igreja Presbiteriana. Ali fiz questão de cursar ao curso de formação para novos membros (que era exigido pela comissão), ao terminar as aulas de catecumenato, mesmo contra minha vontade, fui levado à me “batizar” mais uma vez, o que pra mim não fazia sentido uma vez que era batizado como católico, quando minha mãe ainda frequentava… (meus irmãos não chegaram a ser batizados como católicos, um deles veio a ser batizado já na seita calvinista e outro ainda na seita inglesa)

Sempre gostei de ler (principalmente filosofia e sociologia) e de me informar, daí em algumas oportunidades fui com ela às aulas onde tive o contato com alguns professores, que me indicaram algumas leituras às quais fazia em paralelo às tarefas escolares, foi nessa mesma época que tive um grande amigo (hoje morto) o Sr. Carlos (anos de 2004/2005), o qual me introduziu à autores como Nietzsche, Maquiavel e Baudelaire… Poesia portuguesa do Guerra Junqueira (esse herdei de uma falecida tia-avó). Disso em diante procurei criar minha base intelectual paralela aos estudos, o que muito me ajudou (e talvez tenha criado confusão!). Possuir uma base intelectual sólida, me livrou das ilações equivocadas que depois vim a ser exposto.

Talvez por beber da “fonte” das obras de Agostinho de Hipona e dos críticos dos vícios católicos (denunciados por Guerra Junqueira) e da melancolia do Nietzsche, me tudo isso me fez levantar críticas a “praxis” protestante. Assim chamo porque os evangélicos seguem uma cartilha de regras não escritas às quais identifiquei nas diversas religiosidades das facções protestantes.Diria que minha conversão foi muito motivada pelas pessoas certas, na hora certa, pelas razões filosóficas também relevantes. O mistério que a Virgem Maria é envolto me chamou atenção, vez que dentre os livros que estava lendo durante esse processo foi o Diário do Silêncio (Sobre os milagres de Ns. Sra. das Graças em Cimbres/PE), desejava saber pela história os motivos pelos quais os católicos ‘veneravam’ a Virgem.

Saber do poder de intercessão da virgem maria me fez entender o mistério da comunhão dos santos (ou comunicação, como dizia o antigo catecismo), e me lembrei de umas leituras que já havia feito do Bertrand Russel, apesar dele ser agnóstico ou ateu, o seu bom humor nas sua prosa me fez evocar uma nostalgia de algo que se vivi não me dei por conta. Quando me vi estava fazendo catecismo de adultos e a profissão de fé (como forma de afirmar as verdades católicas) e crismado.

Não há uma receita de bolo para encontrar a Santa Igreja, acredito que cada ser humano tem sua história, seja uma conversão séria como a de um Dominicano ou cheia de sentimento como a do jeito franciscano. Deus tem os meios dele.

Atualmente sou cooperador no Opus Dei e um católico comum, que vai para missas comuns e acredita nessa vida absolutamente ordenada e normal, como diria Chesterton “A coisa mais extraordinário do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns” Filhos ainda não os tenho, mas só acrescentaria, “… com a sua fé comum da santa igreja católica”.

JOÃO INOCÊNCIO JUNIOR
Advogado e Consultor Empresarial.