Edílson Silva Pontes

INÍCIO DE MINHA CONVERSÃO À IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA

“Foi então que descobri o Tratado da verdadeira devoção a Virgem Maria de São Luis Maria Grignion de Montfor. Li o tratado e senti-me tomado de vontade de fazer a total consagração. Consagrei-me totalmente a Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora das Graças.”

Seguindo uma ordem cronológica, tudo começa assim…

– como membro da universal

Fui membro desta igreja a partir dos dezesseis anos. Quatro anos depois fui convidado a ser obreiro por um dos pastores. Permaneci como obreiro lá por sete anos. Alguns anos depois fui convidado a trabalhar com os jovens da igreja. Com o passar do tempo, fui colocado para cuidar de um núcleo de pregação. Todos os finais de semana nos reuníamos para sair em grupo para evangelizar. Eu tinha um enorme prazer em ir nas casas dos Católicos. Quando via uma imagem de Nossa Senhora eu internamente xingava e a maldizia por acreditar que era o próprio demônio naquela casa e ser ela a causadora de todo o sofrimento daquele lar. Acreditava que aquela imagem estava levando aquela família ao desespero, a dor, à brigas, enfim, ao inferno. Diante daquela situação eu tentava com todas as minhas forças trazer aquela família de católicos para a igreja protestante. Eu acreditava que aquilo era o correto a ser feito. Sempre fui insistente no convite, nas ligações ou indo pessoalmente, até conseguir convencer quase que na marra essas pessoas que, ao meu ver eram como troféus. Sempre que via um católico eu pensava: coitados, por causa de um punhado de barro vão acabar indo para o inferno! E assim acabei tirando muitos da Igreja de Cristo. Lembro-me com muita clareza de um Jovem que toda a sua família era Católica. Eles não aceitavam ver o filho deles indo para a universal. Por muitas vezes eu fui convidado a deixá-los em paz, mas eu insistia… Até que os pais deste jovem começaram a deixá-lo em casa trancado. Eles saiam para trabalhar e trancavam o portão. Vendo aquela situação, descobri um outro jeito de levar aquele jovem para a igreja: pulando o muro. Com o tempo acabei tirando aquele jovem da Igreja de Cristo.

– a procissão

Os anos foram passando e ainda envolvido com a universal, vi pela primeira vez uma procissão com centenas de pessoas no centro da cidade onde trabalhava – antes eu apenas tinha visto as procissões de bairro, que normalmente são bem menores. Ao ver a quatidade de pessoas seguiam aquela imagem, fiquei sem reação e perguntei a uma amiga católica que me acompanhava: Por que tantas pessoas seguem essa imagem? Será que não veem que é apenas um pedaço de barro? Ela me explica pacientemente o motivo enquanto a imagem de Nossa Senhora da Conceição passava à nossa frente. No momento exato que a imagem passa a nossa frente as pessoas que a seguiam cantavam com muita força aquela canção: “…derrama o teu amor aqui, derrama o Teu amor aqui, vai chover sobre nós água viva…” no instante em que cantavam este música, essa amiga estende as mãos sobre mim e canta em minha direção. Eu, com o intuito apenas de devolver a gentileza, claro, fiz o mesmo em direção a ela e cantamos juntos enquanto a imagem ainda passava.

– meu casamento

Alguns meses após este fato da procissão, essa amiga e eu descobrimos que existia algo mais que uma simples amizade. Descobrimos que tínhamos um sentimento maior que nos unia e decidimos investir nisso. Ela uma Católica convicta consagrada desde o ventre, eu, um protestante. Namoramos por alguns meses até que decidimos por algo mais sério. Decidimos então nos casar. Mas para isso, eu precisaria conversar com o Pároco dela que na época era o Padre Leandro Freire, e assim o fiz. Procurei-o imediatamente e contei tudo desde o início. Depois de me ouvir atentamente, conversamos sobre algumas coisas e depois de me dar um longo abraço me disse a seguintes palavras: “Não se feche para as coisas de Deus, Edilson. Procure conhecer sobre a Igreja de Cristo” Aquelas palavras ficaram guardadas no meu coração como fogo que marca.

– conhecendo para criticar melhor

Após todas as entrevistas e conversas marcamos a data do casamento e casamos! Um ano e alguns meses após o casamento e ainda frequentando a igreja protestante, algo me dizia que para poder criticar melhor a Igreja Católica eu precisava aprender mais sobre ela. Com este pensamento perguntei a minha esposa como poderia fazer para aprender mais sobre a Igreja e ela me indicou a Crisma. Foi com este intuito que iniciei meus estudos na Crisma. Eu queria conhecer para criticar mais e com mais base.

Fiz minha inscrição e iniciei a tão esperada crisma. Sempre questionava os temas que para mim eram os mais polêmicos como: a adoração de imagens de barro, intercessão dos Santos, Virgindade Perpétua de Maria entre outros. Meus catequistas foram sensacionais. Devo muito a eles, tios Rômulo e Rosimar. Os assuntos seguiam e as experiências sobrenaturais foram acontecendo e eu comecei a ficar sem reação porque não esperava que teria àquelas experiências. Faltando dois meses para a conclusão da crisma eu já não lembrava mais do fator motivador que me tinha inserido ali naquela turma de crismandos. Foi aí que se inicia uma guerra de pensamentos dentro de mim. Quantas vezes sentado sozinho me vinha na mente pensamentos do tipo: Como nunca pensei nisso antes? Por que nunca me falaram isso sobre os Católicos? Confesso que fui tomado por um sentimento de traição profunda. Senti meu corpo anestesiado por semanas. Ficava calado ao participar da Santa Missa e já não olhava mais a Igreja com os mesmos olhos de antes. Ao participar das Missas eu sentia uma enorme vontade de chorar, mesmo sem saber porque. Era como se aqueles gestos e ritos falassem uma linguagem que apenas minha alma pudesse entender. Eu não sabia porque daquele choro, mas me sentia profundamente constrangido e amado, tudo ao mesmo tempo. Mesmo sem entender algumas coisas, continuei com as leituras sobre a Igreja e sempre pedindo a Deus que me mostrasse o caminho que eu deveria seguir.

– sonho com Nossa Senhora

Uma semana antes do meu batismo, crisma e primeira comunhão, já não havia em mim mas nenhuma dúvida sobre os dogmas da Igreja. A expressão “escama que cai dos olhos” é o que mais se encaixa no que experimentei naquele momento. Na quinta-feira daquela mesma semana, tive um sonho que me deixou confuso e curioso. Sonhei com uma mulher de braços abertos e uma Bíblia grande no meio de seus braços. Lembrava também que um brilho muito forte saia de suas mãos. Assim que acordei, perguntei a minha esposa falando-lhe todos os detalhes e tudo que lembrei do sonho. Consegui lembrar de muitos detalhes, mas infelizmente não conseguimos descobrir quem era a mulher do sonho. No dia seguinte ao passar em frente a uma Igreja no centro da cidade, vi a imagem exatamente igual ao meu sonho. Gritei imediatamente em voz alta dizendo: foi ela, foi ela… Eu sonhei com ela. Qual o nome dela? Minha esposa disse: ela se chama Nossa Senhora das Graças. 
Logo após este acontecimento fui atrás da história dela.

– decisão

Depois daquele sonho, entendi que era mais um sinal de Deus e que deveria seguir em frente. E a decisão foi tomada! Os antigos amigos da universal apareceram para saber se realmente era verdade o que ouviam falar sobre mim. Em uma dessas visitas, um desses amigos me disse que um demônio tinha manifestado na “terça do descarrego” gritando meu nome com muito ódio afirmando que me mataria em poucos meses atropelado e depois colocaria no jornal da cidade para que todos pudessem ver do que ele era capaz. Imediatamente respondi a este amigo: recebido o recado. Agora, volta lá e avisa a ele o seguinte: ele pode até querer me atropelar, mas antes dele chegar até mim e tentar qualquer coisa ele vai ter que passar por Nossa Senhora das Graças! Se esse verme conseguir passar por Ela, ok, ele pode fazer o que quiser comigo, mas do contrário, pois sei que ele não vai passar, em cada Ave Maria que eu rezar a partir de hoje e em cada terço que eu rezar ele vai sentir o poder dos pés da Mãe de Nosso senhor Jesus Cristo sobre a cabeça dele e de todas as potestades do inferno. Na mesma hora ele se levantou e foi embora.

Com esta decisão firme no meu coração segui em frente.

– meu batismo, crisma e primeira comunhão

Enfim o grande dia! O Padre inicia a Santa Missa. Meu coração acelerado, com um profundo desejo e de corpo inteiro vivi cada olhar, cada gesto, cada minuto daquela Santa Celebração. Fui batizado, Crismado e no dado momento de receber o Senhor, senti como se tudo tivesse parado, como se visse tudo em câmera lenta. Nada mais se movia, nada mais tinha importância. Apenas eu ali de joelhos e diante de mim o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Finalmente Cristo em mim! Quando retornei para o banco com Jesus em minha boca, senti algo que não é fácil descrever, mas seria como: cheguei, estou em casa! Ainda profundamente tocado por estar com O Criador e Senhor de tudo na minha boca pela primeira vez, lembrei de todas as vezes que falei mal da Igreja Católica, das vezes que proferi palavras duras xingando Nossa Senhora, do dia em que o “bispo” chutou Nossa Senhora Aparecida e eu da minha casa vibrava dizendo que no lugar dele faria pior… De joelhos ainda com o Senhor na minha boca, mergulhado naquelas lembranças que me cortavam por dentro e ao mesmo tempo me curava, ouvi nitidamente uma voz feminina que creio tranquilamente que foi a voz de Nossa Senhora, que dizia: “Meu filho! Que bom te ver aqui. Quanto tempo te esperei. Eu seria capaz de esperar novamente todos estes anos para te ver aqui!” Não foi um pensamento, não foi algo que deu a perceber por causa do falatório. Não! Eu ouvi com muita clareza exatamente isso que coloquei. Sempre que passo por uma situação difícil me recordo dessas palavras.

– esquecendo as mentiras

A partir daí comecei a descobrir pensamentos que eu tinha que eram contrários aos posicionamentos da Igreja. Opiniões que divergiam com o que a Igreja falava. Vi ali que precisava fazer algo. Decidi então abrir mão de tudo que eu pensava, de tudo que eu achava ser o certo, de tudo que eu tinha aprendido para começar do zero. Com isso, sempre que descobria que um posicionamento da Igreja era contrário ao que eu pensava, eu mudava de ideia imediatamente; assim que descobria que minha opinião não batia com a opinião da Igreja, eu imediatamente mudava de opinião.

– hoje

Sou Católico Apostólico Romano, vivo a minha Igreja e me apaixono por ela a cada dia. Obviamente não conheço tudo da Igreja, mas com o que conheço até aqui posso afirmar com toda certeza: vivo a Igreja criada por Jesus Cristo, a Igreja de São Pedro e São Paulo, a Igreja dos Mártires, a Igreja dos primitivos Cristãos.

Alguns anos se passaram e mesmo certo de estar na Igreja de Cristo, mesmo vivendo em comunhão e lutando pela Santidade, senti que faltava algo. Não sabia o que, mas faltava algo. Foi então que descobri o Tratado da verdadeira devoção a Virgem Maria de São Luis Maria Grignion de Montfor. Li o tratado e senti-me tomado de vontade de fazer a total consagração. Consagrei-me totalmente a Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora das Graças.

Passados alguns anos, num final de semana destes que a gente sai pra visitar a família, meu saudoso pai, grande exemplo de fidelidade e de amor a Igreja, contou o verdadeiro motivo de não ter me batizado na Igreja Católica ainda quando criança.

Segundo ele, aqueles que seriam meus padrinhos foram protelando, protelando, protelando e os anos foram passando e eu acabei chegando a idade adulta sem o verdadeiro batismo. Mas um detalhe que ele contou, ao meu ver, selou toda essa história.

Segundo ele, ao sair do hospital logo após meu nascimento, esta que seria minha madrinha, me levou a uma Igreja Católica próximo ao hospital e diante de Nossa Senhora das Graças me apresentou e me consagrou inteiro a ela.

Depois de ouvir as palavras do meu pai, um silêncio tomou conta de mim. Percebi que Nossa Senhora não estava comigo apenas a alguns anos, ou que eu a tinha escolhido. Não! Ela esteve comigo o tempo todo. Ela sempre cuidou das minhas escolhas e mesmo quando tudo caminhava para o errado, Ela fazia dar certo.

Meu nome é Edílson Silva Pontes, sou devoto de Nossa Senhora das Graças. Sou filho da Igreja Católica Apóstolica Romana a Igreja de Jesus Cristo.