Será a Virgem Maria posta em pé de igualdade com Deus quando chamada de “onipotência suplicante?”. Ao referir-se assim para com a Mãe de Deus, estaríamos nós colocando-a no lugar do Senhor?

Antes de tudo, faz-se necessário compreender o que é “onipotência suplicante”. Onipotência vem do latim “omnipotens” e significa “todo poderoso”. Já a palavra suplicante no sentido bíblico, aponta para alguém que clama a Deus por algo: “Ouve, SENHOR, minha oração, e atende a minha súplica” (Salmo 39,12).

Neste sentido, a onipotência suplicante seria o ato de ser atendida por Deus em tudo o que for pedido. Não há nenhuma implicação do termo para diminuir o poder de Deus, já que Deus não precisa suplicar, pois Ele é a fonte de toda graça. O próprio termo “onipotência” atrelado ao termo suplicante já designa que aquele que detém tal título possui aquele ato como onipotente, e não toda a própria onipotência, que é um atributo unicamente divino. Porém, será possível que alguém possa possuir tal onipotência suplicante? Vamos as Escrituras.

1. A ONIPOTÊNCIA SUPLICANTE ESTÁ SUBORDINADA À VONTADE DE DEUS

I São João 5,14: “A confiança que depositamos N’Ele é esta: em tudo quanto lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, Ele nos atenderá”.

Não precisamos ir muito além ou buscar nos pais da Igreja a resposta para esta questão. Basta que olhemos para as Escrituras, e veremos claramente como a onipotência suplicante pode se encaixar perfeitamente na pessoa da Virgem Maria. Na passagem de São João 5,14 vemos que “Tudo” (omnia) quanto pedirmos, se for de acordo com a vontade de Deus, será atendida.

[…] “porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus”. (Romanos 8:26-27).

Até o Espirito Santo intercede de acordo com a vontade de Deus.

2. A ONIPOTÊNCIA SUPLICANTE ESTÁ SUBORDINADA EM FAZER A VONTADE DE DEUS

São João 9,31: “Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem lhe presta culto e faz a sua vontade”.

Na passagem no primeiro ponto, vimos que se a nossa petição estiver em conformidade com a vontade de Deus, Ele nos atenderá. Porém, não basta que o que pedimos seja o que Deus deseja, mas que a nossa vida esteja dentro da vontade de Deus e que estejamos vivendo conforme os desígnios Dele.

Podemos conjecturar que a santidade é um fator determinante para a onipotência suplicante e neste quesito, Nossa Senhora, por ser TODA SANTA, preenche o requisito. Também compreendemos pela passagem bíblica que aquele que faz a vontade de Deus é alguém que se subordina à vontade de Deus. Não é à toa que ao ser chamada de Cheia de Graça, Nossa senhora responde mais a frente: […] “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (São Lucas 1,38).

3. PASSAGENS TIPOLÓGICAS PARA A ONIPOTÊNCIA SUPLICANTE DA VIRGEM MARIA.

Salmo 39,9: “fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa Lei está no íntimo de meu coração”.

Esta passagem consolida-se facilmente com a passagem de Lucas 1,38. Podemos fazer uma leitura tipológica dela olhando para a Virgem Maria, cujo desejo de seu coração é cumprir e fazer toda a vontade do pai. Nisto consiste a onipotência suplicante: tudo o que Nossa Senhora pede a Deus, Ele lhe concede, pois tudo o que ela pede está em perfeita consonância com a vontade de Deus.

Não há nada que a Virgem Santa não peça que Deus não atenda, pois por estar diante de Deus, não há nenhuma inclinação para o pecado ou para outra coisa que não seja a vontade de Deus. Vimos nos outros pontos que a vontade de Deus é um requisito para que as súplicas sejam atendidas. Assim sendo, aquela que está diante de Deus não poderia pedir outra coisa senão aquilo que o coração de Deus deseja, do contrário, negar a onipotência suplicante seria afirmar que aquilo que a Virgem Maria pede não está em conformidade com a vontade de Deus, e o pior, seria dizer que uma vez no céu, os santos ainda possuem inclinações contrárias ao desejo de Deus.

Ester 5, 6-8: “Enquanto se bebia o vinho, o rei disse à rainha: “Pede-me o que quiseres e te será concedido! Que desejas? Mesmo que fosse a metade de meu reino, a receberias”. 7.“Eis – respondeu – meu pedido e meu desejo: 8. Se achei graça aos olhos do rei e se lhe agrada atender ao meu pedido e cumprir o meu desejo, que o rei e Amã tornem a vir ao banquete que lhes mandarei preparar. Amanhã eu responderei à pergunta do rei”.

Nesta passagem de Ester, vemos claramente a tipologia da onipotência suplicante quando o rei diz: Pede-me o que quiseres e te será concedido! Ou seja, em outras palavras, qualquer súplica da rainha Ester seria atendida pelo rei. Porém, na passagem seguinte, vemos alguns pontos sobre a onipotência suplicante. Para que seu pedido seja cumprido, mesmo diante da fala do rei, existem duas questões:

1 – ENCONTRAR GRAÇA AOS OLHOS DO REI;

2 – SE O SEU PEDIDO AGRADARIA AO REI;

Nestes dois pontos, a Virgem Maria cumpre todos os requisitos, respaldado na passagem do Salmo 39,9 e em Lucas 1,28: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Assim, a Virgem Maria é onipotência suplicante, pelo que o Rei dos Reis lhe diz: Pede-me o que quiseres e te será concedido, pois esta alcançou graça diante de Deus e não há nada que ela não peça que não seja do agrado do Rei, em conformidade com a sua vontade.

Alesson Lucas Oliveira de Queiroz