Matheus Silva
Eu sou o homem que com a máxima ousadia descobriu o que já fora descoberto antes. […] Tentei fundar uma heresia só minha; e quando lhe dei o último acabamento descobri que era a ortodoxia. G. K. Chesterton
Meu nome é Matheus Silva, moro em Natal (RN) e fui criado em um lar cristão protestante. Participava do coral de jovens e ajudei durante 4 anos no ensino de jovens e adolescentes da minha igreja local. Foi lá que aprendi a amar a Escritura e estar aberto a voz de Deus, sou eternamente grato por tudo vivi.
Tornei-me católico, mas não me sinto, como alguns pensam, que fiz uma ruptura com tudo o que me foi ensinado anteriormente. Sinto-me completando meu entendimento sobre o Jesus que meus pais me ensinaram, abraçando a comunhão de sua Igreja e tomando os proveitos dos seus sacramentos. O mesmo Jesus sobre o qual meus pais me ensinaram recebo na comunhão da Eucaristia. Há uma continuidade na minha experiência religiosa.
O início
Tudo começou quando, a partir da minha experiência de conversão, procurei entender como Deus se revela e o que ele quer de nós; isso foi para mim o ponto de partida da vida intelectual. Eu precisava formular melhor minha ideia de mundo. Percebi que muitas vezes eu cria em frases, não em verdades concretas. Eu precisava preencher meu credo de sentido real. Era o começo de uma busca pessoal pela Verdade.
Essas palavras do professor Olavo de Carvalho me marcaram muito:
“Ortega y Gasset dizia que as únicas idéias que valem são as idéias dos náufragos: na hora em que um sujeito está se afogando, agarrado a uma tora de madeira para não morrer, as coisas nas quais ele ainda acredita nesse momento são sérias para ele; o resto é brincadeira, superficialidade.
Nós temos de buscar na filosofia essa mesma seriedade total, porque é ela que vai nos dar o critério do certo e do errado, do verdadeiro e do falso. Fora disso, se a sua própria investigação da verdade não é verdadeira, nenhuma conclusão a que você chegue significará nada. Se você quer apenas alcançar certas conclusões que sejam socialmente válidas, que sejam aprovadas por tais ou quais grupos, então não é filosofia que você quer. A filosofia é essencialmente uma busca pessoal na qual você mesmo vai ter de descobrir os seus critérios de certeza.”
Se eu começo uma investigação sobre algo, mas simplesmente me prendo às ideias aceitas no meu círculo social, então não é a Verdade que eu quero (quero aceitação do meu grupo, carreira profissional, conforto ou algo do tipo) e tudo o que eu fizer não passará de superficialidade. A Verdade, por sua vez, é ciumenta, só serve aqueles que estão dispostos a deixar tudo por ela. Nada que eu diga aqui pode expor a seriedade de tudo isso. Encaro essa busca pela verdade com a mesma seriedade que encaro a morte.
Meu lugar na História
Como ponto de partida para entender melhor onde eu estava, comecei a estudar História da Igreja. Procurei nesse estudo entender quais fatos e forças históricos atuavam sobre mim. No momento que eu os compreendesse, poderia exercer mais livremente a razão.
A denominação da qual eu fazia parte estava completando 100 anos e algumas perguntas foram inevitáveis. Como era a Igreja cristã antes do surgimento da minha igreja? Como ela fazia seu culto? No que ela cria?
A Igreja tem seu lado humano e divino, visível e invisível. Algo nela pode ser mutável e até mesmo pecador, mas há na sua essência a natureza divina, que é, por definição, santa e imutável. Algo nela muda com o tempo (costumes locais e coisas do tipo), mas algo nela precisa ser fixo, comum a todos os cristãos de todos os tempos. Hoje vejo que era justamente isso o que eu buscava: aquilo que é comum a todo povo de Deus, independente da época ou cultura.
Encontrei no meu estudo uma grande diversidade dentro da cristandade. Diversidade em questões doutrinárias, litúrgicas, estéticas, etc…
A conclusão mais óbvia e humilde dessa reflexão do meu lugar na história foi entender que a minha denominação não podia ser a única expressão da ortodoxia cristã. Havia muita Igreja fora da minha igreja. Tive de começar a respeitar os modos diferentes de ser cristão.
O problema é que às vezes o protestante está inflamado de uma mentalidade revolucionária e entende o seu grupo como o ápice do desenvolvimento cristão; como se ele fosse o resultado necessário de uma evolução que culmina no tipo de cristianismo que ele pratica. Isso não é procurar o seu lugar na história, mas sim forjar o seu lugar bem no centro dela. Não é preciso muito esforço para abandonar essa ideia, pois essa elevação de si mesmo não pertence a alma que busca a Verdade. É o tipo de pensamento que, ao ser flagrado, é exorcizado, pois ele não convive com o estado de dúvida e investigação do estudante sincero.
As diferenças entre as tradições protestantes estão em germe nos métodos diferentes de interpretação bíblica e em seus pressupostos filosóficos, que são, muitas vezes, inconscientes e arbitrários. Portanto, o protestante tem de admitir que há outras maneiras possíveis e não menos nobres de enxergar a doutrina e viver o Evangelho. Ele não pode rejeitar as outras tradições cristãs nem pode ser tão apegado a sua. Olhando para a história das igrejas, ele tem de admitir que ele está onde a história o colocou e onde ele acha — por mera opinião e gosto pessoal — que é mais coerente.
Aqui, no começo dos meus estudos, entendi que a visão de Igreja que eu deveria abraçar seria a que tivesse um entendimento mais maduro — mais amplo — da fé.
A Igreja teria de ser definida em um conjunto de dogmas e práticas que fosse honesto com a história, sem transformar os localismos (de tempo e de espaço) em verdades universais, nem meras opiniões em dogmas centrais da fé. É o que os teólogos querem dizer com o termo “catolicidade”.
Nesse momento eu entendi que Igreja tem de ser Católica (universal).
Alguém poderia me chamar de ecumênico e eu aceitaria o título, pois meu conceito de Igreja passou a abranger os amigos de Roma. Nessa época eu já tinha vários amigos católicos e já dialogava com eles. O protestante é ecumênico na medida da sua compreensão da história.
Crise de autoridade
Tendo firmado esse entendimento mais amplo do que é a Igreja, eu fui tomado em muitas dúvidas, pois sempre cri que existe essa coisa chamada ortodoxia. Se eu já tinha compreendido que era preciso ser tolerante com as diferentes visões cristãs, agora me preocupava saber qual era a melhor.
Tive sede de uma confissão de fé. Decidi empreender esforços nesse sentido, mas tudo que encontrei foi um mar de dúvidas. Uma multidão de vozes indiscerníveis. Cada cristão declarando um ao outro a alcunha de “herege” sem uma base objetiva de critérios. Falo do que vi. Cada um alegando ter em si o Espírito Santo e reclamando para si a Sã Doutrina.
O presbiteriano, com o Espírito Santo, diz que Jesus morreu por alguns e que, uma vez salvo, salvo para sempre. O metodista, com o Espírito Santo, diz que Jesus morreu por todos e que é possível perder a salvação. O pentecostal, com o Espírito Santo, diz que só se pode batizar adultos. O anglicano, com o Espírito Santo, diz que crianças também podem ser batizadas. O luterano, com o Espírito Santo, diz que há uma presença espiritual de Cristo na Eucaristia. O zwingliano, com o Espírito Santo, crê que isso é um absurdo e a Santa Ceia é apenas um memorial. Como pode todos estarem sob inspiração do mesmo Espírito da Verdade, se falam coisas contraditórias?
Se alguém disser que essas questões são secundárias, eu pergunto: são secundárias mesmo tendo causado tanta divisão? São secundárias mesmo quando causaram cismas? Com certeza não são secundárias para aqueles que resolveram fundar novas igrejas por causa dessas doutrinas.
Os exemplos que mostrei logo acima são provas do quanto a teologia protestante carece de um princípio unificador. Alguns dirão que há um grupo de dogmas centrais, ao redor do qual se reúnem as tradições cristãs e isso basta para garantir certa unidade (eu gostava de pensar assim). De fato, deve existir esse conjunto de dogmas, mas quem vai dizer quais são? Se não há unidade nos dogmas, como haverá unidade na hierarquia entre eles? A questão foge da objetividade e volta para a opinião pessoal.
Na prática, cada um vai para sua igreja, e se não houver uma que lhe represente o modo pensar, funda-se uma nova. Esse é o resultado histórico do critério do livre exame. Cada cabeça é uma sentença. Não é possível ter certeza do que vamos crer. Todo o nosso esforço de conhecer a teologia não vai passar de opinião pessoal: sua interpretação contra a minha.
O projeto de Deus para a Igreja não era a confusão, mas a unidade (Jo 17.21). Então como viveríamos essa unidade hoje? A cada disputa doutrinária as igrejas protestantes se bifurcam. A Igreja dos apóstolos não era assim! Ela expulsava os hereges de sua comunhão (2 Jo 1.10) e decidia suas disputas doutrinárias através da autoridade apostólica (At 15). Ela protegia seus filhos do erro, e eu sou filho de Deus, também quero ser protegido do erro!
Este é um relato real do que se passou dentro de mim. Eu realmente senti essa angústia de não possuir ferramentas que fossem suficientes para chegar à minha confissão de fé. Hoje entendo que eu ansiava estar firmado na coluna e fundamento da verdade: a Igreja (1 Tm 3.15).
A autoridade da Igreja
Eu não sabia, mas sempre acreditei na autoridade da Igreja, pois sempre acreditei que o cânon da Bíblia não pode conter erros.
Se você for protestante, pare para refletir um pouco sobre isso. Como você sabe que os livros da Bíblia são exatamente os que estão lá? Depois da morte do último apóstolo, a Igreja ainda passou alguns séculos debatendo e discordando sobre quais livros deveriam compor o cânon. Homens piedosos e inteligentes, que tinham o Espírito Santo, discordaram entre si. Como você, hoje, pode ter tanta certeza da sua lista de livros da Bíblia? Geralmente não pensamos nessas coisas, pois para nós a Bíblia já veio pronta.
Eu cria que a Igreja não poderia ter errado na formação do cânon. Eu cria, inconscientemente, na infalibilidade da Igreja. Essa crença vem da promessa de Cristo:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; […] Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.”
João 14.19,26
Esse é o fundamento de toda confiança na Igreja: ela é conduzida pelo Espírito, e Ele a protege do erro. Jesus não nos deixou órfãos, Ele nos deu o Espírito da Verdade (Jo 14.17) para nos ensinar todas as coisas. Esse mar de dúvidas e confusões em que vive o debate protestante não condiz com a unidade que Cristo prometeu, pois Ele nos prometeu um Guia.
Há uma expectativa do cristão de ser ensinado por Deus. No entendimento protestante, entretanto, parece que cada um está por si depois da morte do último apóstolo. Cada um decida, pela sua inteligência, qual doutrina seguir. Como se na ascensão de Nosso Senhor ele tivesse dito “se virem até eu voltar”, e não “recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito” e “Ele vos ensinará todas as coisas”.
Como é, então, que o Espírito Santo guia a Igreja? Descobri lendo São Clemente de Roma, um dos Pais da Igreja, Papa e mártir:
“Os apóstolos receberam em nosso favor a boa-nova da parte do Senhor Jesus Cristo. E Jesus Cristo foi enviado por Deus. Portanto, Cristo vem de Deus e os apóstolos vêm de Cristo.”
São Clemente Romano aos Coríntios, XLII. 1,2
Essa passagem é muito esclarecedora, pois mostra como Nosso Senhor não nos deixou livro escrito, mas sim pessoas concretas — os apóstolos — que escreveram os livros inspirados. Nós fomos “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce” (Ef 2.20). Então o que nós temos de buscar é o ensino apostólico, pois ele vem de Cristo. Os outros ensinos podem parecer bonitos e até possuírem certa coerência interna, mas, por não virem do Depósito de fé, dado por Cristo aos Apóstolos, não nos interessam.
Isso está muito claro quando o Apóstolo diz: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei.” Os Apóstolos receberam algo de Cristo e é aí que vamos encontrar o conteúdo da nossa fé. Há uma Tradição Apostólica dentro da qual a Bíblia deve ser lida.
Já ouvi algumas objeções de irmãos protestantes, dizendo: “Não precisamos de uma autoridade para nos ensinar, temos o Espírito Santo que nos ajuda a interpretar a Bíblia.” Não discordo que você tenha o Espírito Santo. Mas não é curioso que outras pessoas tenham o Espírito Santo e cheguem a conclusões diferentes da sua?
A Igreja, além de Católica, então, tem de ser Apostólica.
Como podemos encontrar essa Tradição Apostólica? Aqui estava eu, um protestante, investigando sobre a doutrina do papado. “Que tese esquisita é essa de que até hoje há um sucessor de Pedro e sob certas circunstâncias ele é infalível?” É difícil um católico imaginar como isso soa ridículo aos ouvidos protestantes. “As pessoas deveriam ter vergonha de falar isso em voz alta”, era o que eu pensava. Deixei esses pensamentos de lado e parei para ouvir o que a Igreja Católica tinha a dizer.
É realmente impressionante a fundamentação bíblica dessa doutrina. Há inúmeras passagens sobre primado de Pedro, mas uma das que mais me marcaram foi a de Lucas 22.31.
Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos [plural] pediu para vos [plural] cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti [singular], para que a tua [singular] fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.
Tanto nessa passagem, como em Mateus 16.18, Jesus nos lembra das forças do demônio. Tudo o que o Inferno quer é prevalecer contra a Igreja e tudo que Satanás quer é cirandar a nossa fé como trigo. O diabo é o pai de toda discórdia e divisão. Ele é o maior interessado em confundir os filhos de Deus, mas Cristo deu a Pedro uma missão especial: ser aquele que confirma os seus irmãos na fé.
É certo que Pedro recebeu de Cristo uma missão específica que o diferenciou dos outros apóstolos. Ele foi um pastor que, na ausência do dono do rebanho, cuidou das ovelhas até que o Senhor voltasse. Um servo de Deus que nos manteve confirmados na Fé por todos esses séculos. A ordem “Apascenta as minhas ovelhas” só faz sentido com a ideia de continuidade, uma coisa que tem de ser feita até a segunda vinda de Cristo.
É certo que Pedro terminou seus dias em Roma, juntamente com Paulo. Onde está, então, aquele que deve ter o ofício de Pedro em nossos dias? Deve estar sentado na cadeira de Pedro em Roma.
A Igreja, portanto, além de Católica e Apostólica, tem de ser Romana.
O Papa Francisco é o sucessor de São Pedro, o homem que recebeu de Cristo a promessa de que sua fé nunca desfaleceria. Se alguém quiser contestar minha decisão de estar em comunhão com Francisco, vai ter de me apresentar algo melhor e mais confiável que a promessa de Cristo de que a fé de Pedro não vai desfalecer.
Até lá, sigo com Pedro e os Apóstolos, vivificados no Papa e todos os Bispos católicos espalhados pelo mundo.
Conclusão
Sinto-me como aquele desbravador inglês que depois de longas expedições, por alguns erros de cálculo, descobriu a Inglaterra. Quando o navegador pensou que estava descobrindo uma terra totalmente desconhecida (a “Nova Inglaterra”), estava na verdade redescobrindo a sua própria casa. Ele imaginou que era o primeiro a fincar a bandeira ali, mas logo descobriu que era o último. Esse sou eu. Andando para frente, fui parar 500 anos atrás, desfazendo em minha vida o que fez um padre confuso chamado Lutero.
Decidi voltar para a Igreja Católica em setembro de 2018. Não sei explicar o que aconteceu naquele dia em que caminhei até a Paróquia e pedi ao padre o sacramento confissão. Havia uma verdadeira guerra dentro de mim. Pedir um sacramento a um sacerdote católico foi como um ato de fé. Eu estava dizendo para Deus: “Creio na Santa Igreja Católica e em tudo que ela ensina!”
Esse relato é apenas a linha de raciocínio daquilo que eu considero ser o ponto central de toda discussão entre católicos e protestantes: a autoridade. Investiguei vários outros temas antes de entrar de vez na barca de Pedro. Batismo infantil, veneração aos Santos, transubstanciação, Maria… Seria inútil discutir cada tema aqui, por isso vou deixar sugestões de leitura para quem quiser saber o que a Igreja Católica ensina.
A verdade é que a Igreja Católica tem bons motivos para professar os seus dogmas; suas respostas são satisfatórias. Se vamos ser convencidos, depende apenas de como fazemos a pergunta. Se perguntarmos como protestadores (em espírito insubmisso), as respostas nunca serão suficientes. Se perguntarmos como filhos, o ensino da Igreja suprirá todos os anseios da mente mais exigente.
Convido meus irmãos protestantes (e católicos também) a deixarem de lado os possíveis preconceitos que nos separam.
É importante que você tenha em mente que o que está em jogo é a Verdade; se você se fechar a ela, o que te restará? Encare tudo isso com essa seriedade e deixe Deus fazer o resto. Se você fizer isso, Deus se agradará de você e isso basta.
Sugestão de Leitura
Aqui vai algumas sugestões de livros.
- A Fé Explicada — Pe. Leo Trese
- Catecismo da Igreja Católica — Autores diversos
- Um Senhor, uma fé — Vernon Johnson
- A Bíblia me levou a Roma — Richard Baumann
- A Virgem Maria no Tribunal Protestante — João de Oliveira
- Aos irmãos separados — Pe. Eurípedes Cardoso
- Balbúrdia Protestante — Pe. Julio Maria de Lombaerde
- Está na Bíblia — Dave Armstrong
Há muitos autores escrevendo apologética católica hoje em dia. Scott Hahn, Patrick Madrid, Dave Armstrong, Mark Shea, Peter Kreeft, Edward Sri, Trent Horn, Stephen Ray, Robert Sungenis, Alex Jones e muitos outros. Em português temos o canal no Youtube do Padre Paulo Ricardo, recomendo muito o material de lá.
Pingback: Como eu descobri a Eucaristia | Apostolado Cardeal Newman - Ex-protestantes conversos à Igreja Católica. Testemunhos de conversão e respostas as objeções protestantes